A alegria

De manhã é passarinho que voa longe

Buscando alimento voltando pro ninho

Na janela, na árvore, no chão

Catando os miúdos de sonhos jogados pelo o humano

Em meio as praças, do tumulto que é a desumana solidão

Cães pequeninos correm atrás de seus donos, crianças

Filhos de mães aos cuidados da babá vestida de branco

Empurram carrinhos, embalam os bebês que ainda não podem brincar

Ali numa praça, perto do mercadinho do Seu Joaquim

Vende-se balas, biscoitos caseiros, alecrim, chás aromáticos

Enfeites, flores, pães alimentam a vizinhança antiga e simpática

Os carros passam lá no farol verde e fica de repente vermelho

Eles param, as pessoas atravessam para voltarem pra casa

Fazer o almoço, arrumar a cama, continuar uma caminhada

Telefones tocam e são várias as melodias

A buzinar nos ouvidos desatentos dos que gritam

Na pressa do corre-corre do dia-a-dia, é um começo

Os malabaristas estão aproveitando os sinais fechados

Fazendo seu número mais perfeito, bem ensaiado

Tem menos de um tempo pra terminá-lo e ganhar seu trocado

Ou não, tem gente que fecha o vidro do carrão e sai acelerado

Outros dão uns dez centavos pelo tempo tomado

Onde se vê a alegria?

Em toda gente que por aqui tenha passado

Nas sensações que lhes tenha dado sem troco, sem gorjeta

Sem dizer:" coitado"

Nem aqui, nem aí. No sinal aberto, foi-se o sorriso do artista menor de idade, dentro de uma cidade, mora muito perto

Igual ao passarinho que voa pro distante pra achar gravetos pro seu ninho,

A alegria está neste movimento que todos fazem

Em busca de algo que lhes dê sustento

Ser alegre é não ser sozinho

Ser alegre é estar inteiro em cada momento.

Erika Soares
Enviado por Erika Soares em 19/04/2010
Reeditado em 20/04/2015
Código do texto: T2206468
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