Aos discentes de janeiro

Fim de férias e que cansaço é esse?

Olhos estão em ostensiva ardência

O corpo é o de um defunto em pé

Sinto dor, ansiedade e angústia

Deve ser a idade. Andei acumulando anos

O trabalho é bom, mas quando muito é uma faca no pescoço.

Fico entre o gostar e o aguentar

Entre o sofrimento e as nuvens

O conhecimento e a ignorância

Não sei! Já não vivo mais sem esse amargo cravo.

Gosto por demais dos meus discentes

E peço-lhes perdão pelo meu desgaste

Tenho o corpo fraco e sou frágil

Não sabia que era tanto.

Mesmo com os nervos na flor da janela

Com os neurônios saindo pela retina míope e dura

E a voz cansada,

Ainda tenho forças para levantar, continuar e

Sem nenhuma vergonha dizer: sou humano e de verdade,

amo meus alunos e não posso mais viver sem eles.