Enquanto vou por estes majestosos dias de paz
(posto que a guerra, a luta sanguinária, acabou nisso,
ó Ideal
terrível,
tendo levado a melhor a princípio com glória
sobre vastas
divergências,
agora caminhas tu, ainda a tempo talvez
para guerras mais
densas,
talvez para engajar-te a tempo ainda
em mais árduas contendas
e perigos,
campanhas e crises mais demoradas,
trabalhos além de todos
os outros)
ouço ao redor de mim os sucessos do mundo,
política, produção,
prenúncios de coisas reconhecidas, ciência, o bem provado crescimento das cidades
e a difusão dos inventos.

Vejo os navios (ficarão por alguns anos),
as grandes fábricas com seus capatazes e operários,
e capto o endosso de todos e a ele não me oponho.
 
 
Mas também eu anuncio coisas sólidas:
ciência, navios, política, cidades, fábricas,
não deixam de ser algo feito em longa procissão,
à música de longínquas trombetas ressoando,
triunfalmente a mover-se, com coisa maior à vista
sustentam realidades, tudo acontecerá
conforme deveria.

As minhas realidades, então,
quais outras hão de ser tão reais quanto as minhas?
A liberdade e o exemplo divino,
libertação de todos os escravos
sobre a face da terra,
a arrebatada promessa e o êxtase dos videntes,
o mundo
espiritual, esses cantos
com duração de séculos,

e as visões nossas, visões dos poetas,
os mais sólidos entre todos os anúncios.
 
                                                      
(tradução de Geir Campos)

 
               ***  ***  ***  ***

        Whitman,  Walt.  Folhas de Relva.  Seleção 
          e tradução de Geir Campos.  Ilustrações de 
          Darcy Penteado.  Ed. Civilização Brasileira. 
          Rio de Janeiro, 1964.   



Walt Whitman (EUA)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 28/10/2011
Código do texto: T3303090