Poetisa

A poetisa sentou na escrivaninha e estava aquecido o ambiente,

Abriu seu caderno levemente com suas mãozinhas dóceis e macias

Seus dedos pequenos foram abrindo paginas e paginas do caderno,

Era tão velho pelo tempo, mas tão querido para ela.

Ela jogou suas costas na cadeira e se espreguiçou gostosamente,

Disse um melodioso “Ah” invocando um ar saudoso

Para invadir seu ventre e ficou leve e calma.

Então, chegou à parte branca da folha do seu caderno

E com sua mãozinha na cabeça pensou,

Pensou um pouquinho e dali deixou-se incorporar.

As ágeis mãos percorriam as linhas imaginarias de flores e verdes,

Animais, carrosséis e pirilampos navegavam nas dimensões,

Ouviu o batuque e cantiga de bater chão de terra,

Percebeu crianças brincando e girassóis abrindo os braços,

E viu o galanteio do poeta e a tristeza da lua,

E tudo girava e dançava e batucavam no ritmo do poema,

E tudo fluía e navegava num sedutor oceano de palavras,

Imaginações, tesouros e diamantes lapidados,

A poetisa na escrivaninha, aquecido ambiente, bailava,

Lá fora bem-te-vi sorri, gato no telhado samba,

E ela bailava com suas mãozinhas no caderno,

Possuída pelo desfile de imagens e cores.

E perto do seu ouvido uma pequena musa ditava cada passo,

Cada pintura da peça que se mistificava, um ditar adocicado.

E lá fora um cravo chorava pelo amor da rosa.

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 28/11/2011
Código do texto: T3361863
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