Discurso Apaixonante
A dança do lápis, sob o olhar atento do instrutor desse vôo ébrio, autodidata, precursor e até sagaz, transpassa a sutileza do registro,
Onde as linhas conversam entre si, dialogam numa espacialidade de criação.
A cada novo registro há uma emergência de prontidão, sentido este, peculiar ao olhar que passeia pelo todo ainda inacabado.
O fim não há, o delineador, somente ele, sabe onde irá chegar...
Às vezes sabe, por isso não há o fim.
Pois o fim seria tórrido demais para algo tão humano e ao mesmo tempo tão divino, portanto o êxtase é responsável pelo termômetro da obra final;
Ao todo consagrado
Ao ato de criação
Onde matéria e mão de obra se unificam
Onde criador e criatura se apresentam como um só.
O lápis vai percorrendo por ultima vez o papel
Ou o movimento vai dando forma
Ou a argila ganha estrutura
Ou o som ganha notas
Enfim o todo dignifica
Eis que surge a obra de arte!
Nunca se esqueçam disso, a obra de arte nunca tem fim, ela emerge para a eternidade.