Ápice (de Assis Furtado)

Hoje tudo está em paz...

É paz.

O sol está brilhante e morno.

As plantas, sabiamente, encolhem suas folhas para reter água e,

permanecerem viçosas.

Os pássaros com o sol a pino deixam de cantar e,

piam dolente.

As nuvens formam nimbos querendo chover.

Enquanto o cheiro da carne assando na panela.

promete uma deliciosa refeição de sábado.

Roberta Sá, não mais na vitrola, canta mais dolente do que os pássaros:

"Canta que é no canto que eu vou chegar

Canta o teu encanto que é pra me encantar

Canta para mim qualquer coisa assim sobre você".

Tudo canta, tudo encanta...

Tudo encaixa e,

não enrijece.

É movimento...

Sereno.

Fugaz.

Vida.

Que vai (me) enganado que,

não se esvai.

Na perenidade do dia,

(após o almoço)

uma soneca malemolente no sofá.

Ruídos da vida a não deixar (me) eninar.

E, para completar esse total bem-estar,

o fim da tarde chega,

com chuva de verão,

de gotas quentes e gostosas,

para refrescar e encantar.

E, Roberta Sá já não canta mais,

porque a voz de Vinícius de Moraes,

chega aos meus ouvidos,

dizendo...

"Eu amei (amo), amei demais

O que eu sofri por causa do amor

Ninguém sofreu

Eu chorei, perdi a paz

Mas o que eu sei

É que ninguém nunca teve mais

Mais do que eu".

E é assim. Porque,

"O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz

O homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis

O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou"

O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer"

(Vinícius de Moraes).

Francisca de Assis Rocha Alves
Enviado por Francisca de Assis Rocha Alves em 24/11/2012
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