O VENTO OUTONAL

aquele ventinho que me arrepiava até a alma

ele que chegava manso me cansava tanto

eram dores atrozes que me roíam

que me comiam

eu dizia:

não temo o vento

não me importa a estação

queria enganar principalmente meu coração

aquele ventinho me prejudicava

me cansava

e ainda assim eu o procurava

saía pelas ruas buscando-o

nós nos fundíamos

nós nos comíamos

depois ele partia sabe Deus para onde

e eu ficava sozinha olhando a rua

conversava com a lua

confessava a dor

chorava de amor

outono passava

inverno chegava

em edredons eu me embrulhava

outro outono aguardava

e a vida seguia

eu nem sabia se ia

escrevia poesia

reclamava da vida vazia

e me extasiava quando primavera chegava

ela me renovava

um dia percebi que das estações independia

eu me descobria

me redescobria

reencontrava alegria

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 07/01/2013
Código do texto: T4071787
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