A CHUVA
As primeiras gotas caem, retardadas
Pela fricção com o ar
Nelas vejo desespero e tento salvá-las uma a uma
Coitado, eu que nem posso salvar a mim mesmo
O impacto dos pequenos corpos levanta a poeira
E a chuva cai sem se importar com meu pranto
Com a minha vil compaixão
A chuva cai e me dissolve
O mundo é todo chuva
Choro e rio de minha estupidez
Mas há lágrimas por todos o cantos
O que sobressai é a loucura de meu riso
Enquanto a chuva se impõe, definitiva
Já não existem gotas, somente um rio
Um rio que cai, um rio que corre
A água em minha boca
Viver é delicioso
Eu abençôo a chuva
Como um aprendiz de Deus
Um tolo
A chuva ri de mim e vai embora
Com indiferença majestosa
Deixando-me só e estupefato
Em meio à paisagem molhada
Enviado por Jimii em 29/12/2006