Primavera
 
"Se algum dia não mais me quiseres,
nunca, nunca me digas"...
"Marina, morena Marina, você se pintou"...
"Pergunte a ela, se é verdade ou não...
Pergunte a ela de quem é seu coração"...
"Si a veces tú me preguntas"....
"Perfidia por no saber amarte"...
"I can't stop loving you..."
"Sentimental eu sou, eu sou demais..."
 
E as melodias e letras emergem
passeando pela memória e dançando
num frenesi de sonho. Alegria e felicidade.
 
Dá um calor por todo o corpo.
A malhação geriátrica fica fácil.
Vontade de carregar mais peso.
Dar salto mortal. Dançar na chuva.
 
"Você é um anjo que caiu do céu"
Ela disse pro jovem que não podia se levantar.
Impossível: short de nylon largo, barraca armada.
Não amolecia nem a golpe de cascudos
na cabeça vermelha explodindo de sangue faminto.
 
Agora, a chuva lá fora. De verdade.
A caneca de café com leite e bolinho de bananas.
O papo amigo consigo mesmo.
A lembrança da amada:
o carinho real que nunca será feito ou será?
 
Bobagem isto de que eu era feliz e não sabia.
Ele sempre foi feliz.
O segredo é que sempre esteve loucamente apaixonado.
Por você,
por ele,
pela vida, uma eterna primavera.