Primeiras chuvas

Nas primeiras chuvas lava-se o temor

O pudor e o ardor da secura da alma

É nas primeiras gotas que o melhor do bálsamo se faz sentir em clamor

Odor de terra molhada em êxito pela chuva calma

Nas primeiras águas escorrem a poeira e o pensamento morto

Esvaem-se as tristezas da seca e renascem os belos brotos

Esquiva-se uma lágrima que passa despercebida como um galho torto

E elevam-se as folhas verdes e os belos desenhos dos canhotos

No fim das primeiras chuvas surgem as enxurradas

Elevadas correntes que descem com o que sobrou das mágoas sangrentas

E somente os sorrisos satisfeitos de quem sente as bochechas molhadas

Podem trazer o sol por instantes sem deixar que sequem novamente as pimentas

As primeiras chuvas trazem esperança

Enchem-nos de bonança

Fazem crescer o que será amanhã a primavera brilhante

Onde caem as folhas e os botões se fazem parecer diamante