DAS COISAS SINGULARES
Das inutilidades dos meus dias
fiz minha História, daquelas
que não se conta para as tias
no almoço de domingo. Sigo a cela
fluida, que ainda assim tem paredes;
pelas quais tateio e que de tão mudas
atravessam meus fios de cabelo. Vedes
o vento em meu corpo: são runas.
Dias que esqueço: são estes
que me vivem, e logo possuo hora
certa, possuo horas em rede.
Sopa de horinhas, caldo em que viro
tempero pra sonhos molhados no agora:
são dias que lembro, e em mim eu respiro.