HOMO COR

“De tudo o quanto se escreve, só me agrada o que alguém escreveu com seu sangue. Escreve com sangue e descobrirá que o sangue é espírito. Não é nada fácil compreender o sangue alheio. Eu detesto todos os ociosos que lêem. (...) Corajosos, despreocupados, zombeteiros, brutais, é assim que nos quer a sabedoria. Mulher que só pode amar guerreiros.”

Friedrich Nietzsche, Assim Falava Zaratustra, “Ler e Escrever”

Quero arrancar sangue do mundo

mas através de minha pele rompida

com a pele rompida a fundo

de tudo o que me dá vida.

Chega de ler, quero escrever:

entrever, encaixar e quebrar!

Chega de risos soltos, do nada a ver

só conjugo agora verbos que posso crer!

Que meu rosto seja de pedra

mas almas de brinquedo não perdoarei!

Que meus laços venham à queda

mas de tudo, inclusive o mais inexistente,

não farei o meu rei!

Não cuspo apenas palavras:

tal folha agora pega fogo.

Se não sentes o meu gozo,

és parte da minha caça.