LETRAS VESPERTINAS

Não sei se elas se esconderam ou se não as busquei,

Elas que tantas vezes foram balbuciadas na voz materna,

Ao embalar o pequenino filho enfermo num dorido soluço,

Que foram ensinadas nas primeiras cartilhas da saudosa escola,

De repente, como num passe de mágica caíram no esquecimento.

Mas continuaram sempre à espera para reatar a roda e cirandar

Uma ciranda que recordasse a infância e juventude perdida em brumas

Que agora como avassaladora onda ameaçam emergir tumultuosas,

E ficam a brincar de esconde-esconde, doidas por serem alcançadas;

E provocam, e atiçam e tentam bailar nos lábios em forma de canção

Ou brincar na branca e virgem folha, feito rabiscos desencontrados e soltos.

Tardias letras,

Eis que me encontram já na curva do caminho, na descida da estrada da vida

Já não há mais o viço da juventude ou o frescor da mocidade;

Há somente a louca vontade de reatar a amizade antiga

E lembrar os que lhes deram as mãos e dançaram um lindo bailado

E, em versos e prosas, mostraram a beleza e o encantamento da “inculta e bela”

Bem-vindas sejam, letras amigas!

J. Mercês – 5/12/2014

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 05/12/2014
Reeditado em 04/04/2015
Código do texto: T5059429
Classificação de conteúdo: seguro