Matei a saudade

A saudade é velha com anelo criança

Tigresa voraz com trejeitos de gata;

como música divorciada da dança,

o leite da vida privado da sua nata...

mão que “pega” o que não alcança,

na verdade nem toca, mas, sai à cata;

é canseira da qual nunca se cansa,

“silêncio” de goteira caindo na lata...

É sina braba posando de mansa,

Mina que deu ouro negando prata;

É ganso solitário sonhando “cá” gansa,

Que parece ignorar, essa, ingrata...

Como comer muito sem encher a pança,

Escravo voluntário em busca da chibata;

lamber feridas de uma ida lambança,

que depois de cicatrizada ainda arrebata...

É o duro tento que a mão da sina trança,

Com couro vivo, nos esfola, maltrata;

Como as coisas que demandam vingança,

E dão sangue no “zóio” quando se mata...