Afinidades
A proximidade do fim aproxima a poesia
A fome de vencer faz o versejar
A dor, crua, nua e indolente, convence o desejo
A noite fria e cortada em pedaços
O ardor da nova vida
Isso que me empolga, e que talvez venha a escarnecer-me
Eu adoro, abraço, e clamo, pelo simples fato de me libertar
Não à doação, sim à adoção de amores do novo
Sem conclusões, à vista dos seus e meus pesadelos recentes
Simplicidade, entre o deitar e o dormir é que te tenho
Nessa mistura de amor poético e profana história
Nesses debates a cerca das revoluções e vertentes
Nossa que afinidade! Que realidade plena e calma
Que fascínio renascentista e pró-esquerda
Nesse turbilhão, o malte e a taurina
E há tempos não sei da lembrança
E você minha madona, nobreza cabo-verde
É você ébria e brigona, zangada com o copo na mão
Quando te encontrei? Eu não lembro
Hoje, aqui nessa noite de libação eu surto com você
Amanhã, numa torrente de desespero nos encontramos
Não por arrependimento, e sim por desejo
E pra ver quem ganha no debate de idéias