Fim de festa

É bom me ver aqui feliz

nesse fim de festa

mesmo que isso não faça diferença.

É triste saber que houve os vencidos

nesses longos momentos vendidos

nestes grandes ventos medidos

dos mares do sul.

Mas danço com o ritmo da música.

Me olhando no espelho.

Controlando o grito do corpo.

Observando o movimento dos membros.

Busco em mim o que chamam sensual.

Trago em mim o que chamam natural.

Que toda vida tem,

que todo ser humano provem.

Solto o meu corpo pela imensa sala colorida de luzes de boate.

E o carnaval enxerga que o meu mal

não é nada perante essa mísera discórdia.

Sinto ainda ver cães, gatos e ratos

comendo na mesma mesa e no mesmo prato.

Rindo de nossas tragédias.

Chorando de nossa comédias.

Mostrarei o que guardava oculto em minha máscara negra,

pois sempre procurei em mim esse lindo beija-flor azul

dentro do horrível urubu que é o meu rosto ao nascer do sol.

Fui seqüestrado pela vida

e resgatado pela razão.

Não sou romântico, mas realista.

Não sou lúdico, mas otimista.

Lindo é saber que, apesar do desencontro,

fazemos todos nós parte do desequilibrado equilíbrio do meio ambiente.

E a morte do silêncio que vive entre nós

desgovernaria a harmonia existente,

destruiria a paz vigente

no fantástico universo da minha ilusão.

Agora vamos nos dar as mãos

e entrar nesta imensa roda

que o amor fez para nos unir.

E que minha luz clarividencie todo lado obscuro.

E que o mundo todo caiba em cima do muro

sem tamanho nem largura que é o coração de Deus.

Que venha uma chuva de água doce.

Tão doce como minha falsa lágrima

que corre deitada na pele

riscando o rosto e desaguando na boca.

Viva a redenção da vida.

Viva o sorriso da meretriz.

Viva a cicatriz da ferida.

O que a gente quer é final feliz.