LUA BRANCA

Sou tupiniquim

Bicho do mato

Bisavós pegos a laço

Benzida com ramas de aipim

Curada com fumo de corda,

urina

alecrim

pó de café

e muita fé!

Não havia purpurina

Apenas a lua branca

Fazia meus sonhos de criança

Brilhar!

Minha mãe era uma santa

E cedo me ensinou a rezar

Quando sol se despedia

O vento gentil me trazia

acordes da Ave Maria

e dos sinos na capela a chorar

A noite sorrindo chegava

com estrelas o céu bordava

e enchia de paz o meu lar

Meu avô era poeta

O meu pai violonista

Em casa não tinha atleta

Mas todos eram artistas

Na arte de ser feliz

Meu pai, lavrava a terra de dia

À noite, lavrava a melodia

E, com acordes ligeiros

de seu plangente violão,

minha mãe acompanhava,

parceira

na música e na vida

Dona de uma voz de diva

A todos trazia a emoção!

Sou bicho do mato

Mas posso ser mulher de fino trato

Quando o assunto é o coração!

A poesia é minha vida

É ela quem me dá guarida

Nas horas de solidão!

Sou bicho do mato

Mas tenho humor de sobra

Quando a pedra incomoda

Faço dela a poesia

E, da vida, uma canção!

Sou bicho mato!!!

Bemtevi

Bemtevi
Enviado por Bemtevi em 31/07/2007
Reeditado em 01/08/2007
Código do texto: T587217
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