Poema da Viagem

Se eu tivesse apenas algumas migalhas.

Passaria anos viajando desbravando terras alheias.

Escreveria poesias vendo o pôr-do-sol de braços dados com o Cristo Redentor feito pai e noiva.

Ouveria o barulho dos cascos dos barcos batendo sobre as águas nas travessias dos rios amazônicos e transformaria em canções com notas musicais criadas por mim.

Comeria juçara com farinha e peixe assado sentado debaixo das mangueiras carregadas, proseando com amigos de infância, tendo como orquestra a brisa do vento forte das tardes quentes maranhense.

Ancoraria meu corpo ao lado do farol da baía de São Marcos e declamaria Vinícius de Moraes para povos ribeirinhos.

Extraindo amêndoas do cocô-babaçu e torrando-as dentro de um caldeirão com fundo preto para que as mesmas virem azeite.

Festejaria no violão mesmo sem saber tocar, a Canção do Exílio do caxiense Gonçalves Dias.

Pousaria sobre as asas de uma águia nos lençóis em Barreirinhas, e fotografaria as caudas das dunas de areia para ilustrar meu livro de diversidades poéticas.

Em Carolina, me hospedaria sobre as cachoeiras e destribuiria camisas escritas com meu poema Nordestinos Somos há turistas estrangeiros, para que fique grudado em seus corpos, para todo mundo ver o nosso orgulho.

Finalizaria a tour percorrendo os nove estados do nordeste, apresentando as encantadoras obras do nosso saudoso Ferreira Gullar.

Wesley Moraes
Enviado por Wesley Moraes em 28/09/2017
Código do texto: T6126939
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