TRANS / LADO DO SILÊNCIO

QUEBRADO SILÊNCIO

De Joaquim Moncks

Se por tudo hoje não fosse sábado,

o sempre sábado das algaravias

nos bares,

do ronco dos carros bêbedos,

dos gatos noturnos nos telhados,

dos filhos montados nas costas,

dos netos choramingando jogos,

dos segredos ao ouvido das amadas.

Se tudo não fosse pelo sábado,

poesia encolhida,

política entre / linhas,

reticências, sussurros, afagos,

naus navegadas sem sono

sobre lençóis,

o aguardo das esposas não

ruminaria o domingo.

Se, contudo, não fosse o sábado,

seria urgente dançar sempre

sobre os domingos vagos,

vagarosas cortinas ao vento,

tímidas horas de ouvir silêncios.

Espera-se um monge para

o dia seguinte?

Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 90.

Joaquim Moncks

TRANS / LADO DO SILÊNCIO

Flávio Miranda

E se hoje não fosse sábado?

Mas é como se fosse.

A mesma boêmia, se repete

todos os dias

Em meu telhado,

não miam os gatos.

Em meu palco, chora a viola,

em murmúrio, nos ouvidos dela

que canto.

Se tudo não fosse sábado ou em feiras

Da boêmia desvairada

Que valsejo em passos cambaleantes

Onde tudo se dá continuidade

No Sábado

E mais tarde uma ressaca ?

Flávio Miranda
Enviado por Flávio Miranda em 01/09/2007
Código do texto: T633760