UM DIA FUI FELIZ

O Tempo passou.

Quando eu lembro de meu tempo moço,

Onde meus pensamentos ainda imaturos,

Nervos duros, rosto e dentes, um colosso,

Esperançosa esperança de futuro!

Da imprudência, não media o poço,

Pois não tinha muito entendimento,

Não contava os dias, no esboço

Sem projeto, sem guardar um cento!

Então lembro do vigor de outrora,

Pela força eu dava arrancões,

E encharcado de suor que aflora

Dos cansados e notáveis dois pulmões.

A vida, era um paradisíaco,

Lá do zodíaco, vinha a inspiração,

Bela canção, e vinho afrodisíaco,

Enchia a alma e alegrava o coração!

Tudo o que de mais belo, os sonhos,

As paixões, orgias, gargalhadas...

Fascinadas histórias metralhadas,

Por irmãos e por amigos tão estranhos.

Agora, meus pulmões comprometidos,

Tempos vividos, com saudades, das canções

Das serenatas, dos amores, das paixões,

Com outra mente, e objetivos decididos!

Corpo cansado, mas com alma de criança

Com esperança em dar abraço à eternidade

Neste corpo, que não mais ri, não corre e cansa!

E que se enfada de tanta modernidade.

Aguarda em pé, no Cristo Ressuscitado

De quem ganhou, num longo grito de bravura

Sem ter um cento em minha aljava guardado

Fui resgatado, por sangue e por tortura!

Já pouca força, que sinto esvaziar-se...

Já sem mais tempo de sonhar como sonhava,

Já sem mais gosto, de que aquele tempo voltasse...

Lamento os dias que fora a vida eu jogava!

José Aparecido Ignacio
Enviado por José Aparecido Ignacio em 17/01/2024
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