POEMAS PROFANOS: Devolvendo beijos...

Como minha avó se foi embora, aos céus das avós, há bastantes anos e como Concha, sem pretender ocupar o sítio de minha avó, se excede nos seus elogios, tenho de os profanar, necessitadamente.

Exagera Concha: «És um tesouro humano, infinito, ilimitado, sei que me levará anos ou mesmo vidas, descobrir alguns dos teus seres. Não te vás nunca poeta, de nenhum dos mundos que habitamos. Beijos de contento, o meu.» (26/02/2009 03:57, para o texto: Haikais Imperfeitos (XXXII): Por culpa da Concha... -T1450402)

E murmuro eu, cativo das minhas palavras:

Bem não me parece, Poeta,

que exageres o meu tesouro:

Sou decerto humano, ou procuro,

portanto nem infinito, nem ilimitado,

com uma só vida, já quase consumada

e, seja como for, rotineira: nenhum ouro

fui capaz, filosofal e alquimista malsucedido,

de conseguir desde os chumbos tristes diários.

Cara Poeta, não confundas o enfiar de letra e letra

com os mundos que, apesar de tudo, nos habitam...

embora imaginemos que nós somos donos de criá-los.

(Mas continua a dizer de mim cousas belas:

Talvez assim chegue a conformar alguma...)