ORVALHO

(Contemplação IV)

Um tênis surrado

O cabelo amarrado

A bermuda de algodão

Já é fim de verão!

Nos lábios um batom discreto,

O cheiro e a cor de café,

Para andar entre o concreto,

Depois de um bom cafuné...

Uso um perfume suave,

Orvaille, sim, de manhã...

Pego o óculos e a chave,

Dois pedaços de maçã.

Paro ali na vizinha

Ela vem assim contente,

Se despede da filhinha,

Do marido e do parente...

Apertamos então o passo,

Aceitamos o desafio,

Nesta Terra feita a compasso,

Neste céu preso por fio...

A conversa rola solta,

E eu vou prestando atenção,

Em tudo que há em volta,

Há um jeitinho de canção!

A minha rua é tão bela

E tão cheia de contrastes,

Pedaços novos e antigos,

E as flores com suas hastes...

Lugares bem conservados,

Pintados, arrumadinhos.

E outros tão desleixados.

Cheios até de espinhos...

Cruzamos a rua lendária...

Até lá naquela escola,

Chegamos à árvore solitária,

Voltamos na mesma sola...

E a paisagem perfeita

Vai se abrindo no horizonte...

Vejo a Igreja e a ponte,

E até uma torre lhe enfeita!

Venho então aproveitando,

O ar puro, tão pueril...

Vou assim me deleitando

Com este céu, azul anil...

Há morangos nos jardins,

Coqueiros cheinhos de frutos...

Há gerânios coloridos,

Cheirando à infância, absolutos!

Os passarinhos cantando:

Bem-te-vi, Oh! Bem-te-vi!

Cachorrinhos nos acompanhando,

E eu feliz por ali!

A minha rua é tão bela,

E tão cheia de contrastes,

Que vira até passarela,

De flores, com suas hastes!

Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 26/07/2009
Reeditado em 27/07/2009
Código do texto: T1720403
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