MEMÓRIAS

MEMÓRIAS

Primeiro peguei uma caixa - dessas de sapato,

forrei com um papel de presente,

- foi do Natal,

coloquei todas minhas memórias lá dentro;

A caixa ficou pequena - comprei um baú,

fui tirando uma por uma e

acomodando no baú,

algumas me fizeram chorar,

outras, dar boas risadas,

me emocionei...

Mas com o tempo o baú também

ficou pequeno demais,

comecei a acomodá-las nas gavetas,

pendurei nos cabides,

usei até o maleiro do roupeiro,

até que um dia mal conseguia fechá-lo;

O que fazer agora?

Algumas eu nem lembrava mais,

estavam tão distantes,

perdidas em meio a tanta confusão...

Abri todas as gavetas,

as portas,

o maleiro...

E, deixei que flutuassem,

se quisessem, podiam ir comigo,

ou ficar ali, guardadas,

onde queriam estar,

Às vezes elas riem comigo,

vão pro trabalho,

pra festa,

tomar uma cervejinha depois do expediente...

Outras, um pouco mais tristes,

mas descobri que não sei viver sem elas,

E, o melhor é que todas convivem juntas,

Não ficam disputando seu espaço,

não se sentem sufocadas...

Assim vamos vivendo e

revivendo nossos momentos,

nossos sentimentos,

e quando chega uma novinha em folha,

- Seja bem vinda, dizem.

E foi assim que descobri

Que as minhas memórias são só minhas,

são únicas,

e que ninguém vai ter igual.

A caixa de sapatos e o baú?

Coloquei umas contas velhas

e umas bugigangas que não uso mais.

Agora dá licença,

uma memória me chama pra brincar...