Louisiana
Quem dera mergulhando nos azul dos seus olhos
não encontrar justificativas para essa apneia complacente,
ou ouvir os apelos do peito sufocado
ante a exposição dissimulada dos meus dentes
Minha mascara quase não cai antes do tempo
Não conheço esquina sem medo ou abismo sem desejo
Mas confesso que ultrajo a dor e reino soberano na corda bamba
se em minha coluna passeia o afago do seus dedos
Pela noite tua pele branca e reluzente já norteou minha solidão
Pelos dias teus questionamentos quase doce, quase fel
destrincham minha alma, agitam o meu ser, faz tremer o céu
Primeiro abre-me o chão, desnuda o meu peito,
retira minha espada, para só depois derramar o mel
Seu sorriso espalha gozo pela mesa
Sua voz exibe o atrevimento da certeza
Seu corpo aninha todos os seres, teu sentimento cobra todos os deveres
Sua orelha cochicha segredos que a sua boca repele,
que seu sorriso chora, que sua resposta esconde, enquanto fere
Afortunado quem descobre em ti, mulher, parte do enigma e parte da resposta
Feliz quem sente em sua voz, parte da dúvida e parte da coragem,
Quem entende sua dor e sua força, e com ela cura suas feridas
Abençoado quem se livra das amarras, quem se despe do orgulho, e quem te chama de AMIGA.