Abraço de amigo
Abraço de amigo
Amiga, me dá um abraço
O frio invadiu minha vida
E estou sem abrigo
Diz que me ama, que fica comigo
Diz que não estou sozinho
Ah, amiga, que bom o teu abraço
Que bom teu beijo na testa, teu carinho
Sempre avesso à gente
Sempre perdido de amor
Sou criança perdido no mundo
Com a alma trincada de tantos amores
Costuro os retalhos que tecem meu manto
Dá-me cá um abraço, amiga!
Preciso de ti, pois sofro
Pois que a solidão me ataca
Resgata-me do inverno do mundo
No calor dos teus seios macios
No toque suave das tuas mãos
Na centelha acesa em tua íris
Quero todos os seus trejeitos, tiques, manuseios
Teu cabelo esvoaçante enquanto falas
Segura minha cabeça, então
Pois estou desnorteado
E me olhe nos olhos como outrora
Quero ouvir teus conselhos
No movimento mudo dos teus lábios
Sentindo a secura apossar-se dos meus
Teu colo remete às areias quentes da praia
Paraíso quieto e distante
Um instante roubado à vida
Uma ilha roubada ao continente
Teu sorriso traz a alegria consigo
E me sinto alegre contigo
Repousado em teu abrigo
No repousar perene do teu peito
Dá-me cá um abraço, amiga!
Fica hoje comigo, pois sofro
Sofro por nada, apenas solidão
(Djalma Silveira)