METAFÍSICA

Minha matéria preferida é a metafísica,

Minha matéria é, de certo modo, a ausência de matéria,

E, por mais que tudo isso pareça uma pilhéria,

Gosto de buscar na essência uma força rítmica...

E quanto mais eu amo as coisas abstratas,

Quanto mais eu sonho com versos impalpáveis,

Menos eu gosto de fórmulas "exatas"

E de estereótipos humanos "inquebráveis"...

Pois minha matéria é a variedade,

É a multiplicidade da vida em vários modo de "ser",

Sem que nenhum deles esteja absolutamente

Certo ou errado, numa ideia clichê

De que tudo deve ser "perfeito" e acabado...

Pois quem não transcende a carne morrerá na carne

(Embora ninguém seja obrigado a transcender nada),

Não farei do corpo um objeto nem encruzilhada,

Mas respeito o pensamento de cada um, sem alarme...

É por isso mesmo que gosto de escrever, com calma,

Como quem desenha pensamentos numa tela invisível,

Decifrando os enigmas da própria alma,

No labirinto da arte, sempre discutível.

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