SERÁ IMPOSSÍVEL ?

OUTRAS PERSPECTIVAS

por Juliana S. Valis

Decidi parar de reclamar da vida,

Decidi olhar tudo por outras perspectivas

Que, antes, eu talvez nem via,

Decidi enxergar também pela perspectiva dos outros,

No lugar dos outros, com lentes que não são minhas...

Sim, decidi parar de reclamar tanto do mundo,

Pois, no fundo, todos reclamam de todos,

Os homens reclamam das mulheres,

As mulheres reclamam dos homens,

Todos (e todas) reclamam de tudo,

E talvez ninguém tenha a total razão,

Porque simplesmente não existe a "total razão",

O que existe é apenas a percepção subjetiva

E - por isso mesmo, limitada - de todas as coisas...

Reclamamos muito talvez porque exigimos demais

De todas as outras pessoas o que nós mesmos não temos,

Somos indivíduos reais idealizando seres "virtuais"

Que só existirão em nossos sonhos pequenos...

Mas, por outro lado, se pode ser impossível

Realmente não reclamar de nada,

Ao menos, poderíamos parar pra refletir

Por que a realidade precisa ser assim:

Uma constante reclamação sem fim

De tudo e de todos, sem utilidade alguma ?

Apenas reclamar, sempre, não muda nada,

O que pode mudar alguma coisa é a nossa atitude,

A determinação é o que muda toda uma jornada,

E, por mais óbvia que pareça essa virtude,

Acaba sendo um desafio, de fato, concretizá-la,

Mas talvez seja a melhor alternativa pra nossa saúde...

Será impossível tentar enxergar com outros olhos ?

Será impossível reinventar a vida, será ?

Será impossível apenas se a nossa mente acreditar

E aceitar, passivamente, que é impossível...

Por isso, decidi enxergar também por outras perspectivas,

Decidi trilhar caminhos que não levem sempre

Aos mesmíssimos lugares de todos os dias,

Decidi tentar outros olhares,

Admirar outros luares, reinventar a rotina,

Colocar o foco em uma retina que não seja a minha,

Que não seja "a linha" repetida e padronizada de todas as coisas,

De todas as dúvidas, dívidas, dádivas e risos,

Hoje, eu só quero labirintos imprecisos

De pensamentos sem os limites do tempo e do espaço,

Sem disfarçado fracasso, com seus "charmosos" convites...

Por tudo isso, quero outras perspectivas,

Quero bilhões de outras concepções criativas,

E não quero que a vida seja sempre uma areia movediça

De idéias limitadas e reclamações inúteis,

Entre tantos e tantos palpites,

Quem vive apenas no corpo se restringe aos limites do corpo,

Mas a alma e a mente não têm esses - ou quaisquer outros - limites.

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