TANGO VOLVER

Ao longe, campeando plagas

Em bom tordilho,

Desde a portenha estância,

Ei-lo que aqui se apeia.

Sê bem-vindo, o que se foi

E agora volta,

E entre os seus,

É recebido em relevância.

Acolhe-o em abraço,

Toda pompa e circunstância,

Na precisa hora em que

O poema já se entorta.

Ao vir à praça, no nascer

Da rosa pública,

Cruza as aleas de flores vãs,

Na avenida,

Quando se vê o advento,

Retorno eterno,

Et por cause, vence lirismos

De toda gama,

Construindo a poesia

Que caminha sem ter termo.

E, já de volta, o que

Vai-se, e o que vem vindo.

Ou então, num ai, o sentimento

Sobe ao tino, e a emoção

Desencadeia a verve solta,

Na alegria desvairada

De um menino.

Que o saúdem e o velem

Em canto antigo,

Quando se vê na fonte orgiástica

E urbana, o verter-se d’alma,

E da densidade de um amigo.

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 22/01/2007
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