O PATRÃO

Você que se diz ser meu amigo

Vem cá comigo

A gente tem que conversar

Bem antes de você ser promovido

Falaram ao meu ouvido

Que o amigo ia mudar

Pois é, estão falando aos quatro ventos

Que o amigo anda dizendo

Que não sai mais pro almoço

Com a turma que sempre te ajudou

Quando você mais precisou

Sem nunca ter que olhar pro bolso

Eu sei que foi um tempo de dureza

A gente se juntava à mesa

E ria da própria desgraça

E no escritório então era uma festa

Virar a noite na hora-extra

Era um porre sem cachaça...

E agora que o amigo é promovido

Eis que me chega aos ouvidos

Que você está diferente

Com aqueles que tanto lhe tem apreço

Esse seu lado eu desconheço

O amigo esqueceu da gente?

Espero estar mesmo enganado

Pobre do encarregado

Que sempre segurou as pontas

Nas nossas saidinhas pro boteco

Porque ninguém era de ferro

E olha quem ficou com a conta?

E o amigo que já esteve nesse canto

Agora vem pra meu espanto

Calar-me diante do que ouço

Que hoje vive outra realidade

Pois seu amigo na verdade

Agora é dinheiro no bolso

Amigo, a coisa não é bem assim

Não vá se esquecer de mim

Não, não me venha com sorrisos

Eu tenho muitas contas a pagar

E família pra sustentar

E desse emprego eu preciso

Meu amigo

No entanto o que ouvi doeu-me o peito

Me deixou torto e sem jeito

E até mesmo sem reação

Raulzito já dizia e é verdade

Somos movidos à vaidade

E alimentados de ambição

Tola ilusão...

“Detesta o patrão no emprego

Sem ver que o patrão sempre esteve em você...

Será que é medo, por quê?

Você faz isso com você!”

petronio paes frança
Enviado por petronio paes frança em 12/04/2012
Reeditado em 17/04/2012
Código do texto: T3608827