A você rapaz
A você rapaz
desejo que a pouca idade lhe sirva como escudo por mais tempo,
que a sua cegueira revolucionária tenha as pilhas recarregáveis que hoje me faltam,
que o outro não seja um obstáculo como me foi um dia.
Desejo com raro ardor que o seu raro silêncio não tenha sombra da tristeza,
que seus óculos não estejam regulados apenas para ler papéis,
que você não aceite conselhos
e nem entenda os desejos que te desejam.
A você rapaz,
desejo que lhe sobre a marca silenciosa da experiência sem nenhum valor qualitativo,
que você não assuma o lugar de pobre e ingênuo rapaz que te aguarda na boca dos incautos.
E que a percepção que pobre mesmo é a estrada que caminhamos chegue logo como uma virada de ano, ou de jogo.
E um último conselho e talvez o mais importante:
compre uma marmita de metal por dez reais
e nunca se desfaça dela.