PODENDO, POR QUE NÃO?
Podendo libertar com a palavra,
Por que não dizê-la?
Podendo abraçar com os ouvidos,
Por que não escutar?
Podendo estar perto, ainda que muito longe,
Por que não se aproximar?
Podendo consolar,
Por que não ofertar o ombro?
Podendo encantar,
Por que não ofertar poesia?
Enquanto podiam,
Um dia se libertaram com a palavra,
Outro dia se abraçaram com os ouvidos,
Outra vez se aproximaram,
Apesar da distancia.
Enquanto podiam,
Mais uma vez se acolheram,
Ofertando-se os ombros.
E mais e mais vezes se encantaram,
Trocando canções e poesias.
Até que essa dança entre
O escutar e o dizer,
O aproximar-se e o acolher,
O desejar e o fazer,
Ganhou vida própria,
Transformou-se em rito.
E enquanto houver
Canção, poesia e desejo,
Enquanto puderem,
Por que não sustentar o rito
E se deixar envolver pela dança?