Rio
Curvas de turbulência.
Dor em todas pedra.
Margens que contam estórias
E encantam cidades.
Águas turvas e barulhentas,
Gratuitas até sangrarem.
Espumas que protestam,
Completando manhãs e tardes.
Pontes de ferro e tempo.
Casas de gente pobre.
Homens que fumam estilo,
E tragam tranqüilidade.
Tudo vira correnteza:
Galho seco, mato verde e plástico.
Menos o reflexo da noite,
No poste de eletricidade.
Trem que passa apitando
Amigos que brindam canto e conversa
Meninas sentadas no barranco
Descobrindo os segredos da mocidade.
Tudo é bonito à beira do rio:
Gente que pesca sossego;
Moleque que perde o brinquedo;
Pássaros e flores de gratuidade.
Nele nada se esconde
Até o pequeno arbusto se revela
Rio que inspira beleza
Enche de poesia a amizade.
O belo que se faz água.
Água que se faz vida.
Vida que se faz alegria,
No rio que já se faz saudade...