Escorpiana, nada escorpiana
Cruza os pares de coxas,
Com a vista cega da vida lá fora,
Sem rastro ou permanência,
Livre ao seu bel prazer.
Sua voz grave tem serventia para os livros,
Para as políticas, para a inteligência de outro mundo,
Quem sabe beijar os lábios agridoce
De uma bela amante,
Preenchendo os cadáveres à sua maneira.
Livre como és,
Move as sobrancelhas de
Um lado, com a mão sobre a boca
Reflentindo que não é intensa,
Azeda como um limão
E uma spaten.
Há quem não a entenda,
Mas eu entendo, eu a leio
E a espero como quem deixa
Rastro como uma carta.
Ela tem gosto amargo de café
Puro e quente, com muita história
Para ser dita em meus ouvidos,
Para eu poder adormecer em sonhos.