Poema ao Camarada Armando Aranha

não é de tê-las, camarada,

as razões, assim à pulso,

porquanto não vivê-las,

fosse a emoção melhor de uso,

sob os céus de Caracas

inventando com o povo

o gesto básico da vida

que é criar o novo;

não é de tê-las, camarada,

as contradições, quase à deriva,

no mar insurgente dessas gentes

que teimam em construir a vida;

não é de tê-las, camarada,

as soluções, assim tão postas,

porquanto a prática é itinerário

de quem se mostra;

não é de tê-la, camarada,

a revolução, assim à gotas,

porquanto a liberdade é tanta

que apenas lutá-la é quase pouco

quando se tem no coração, como no teu,

a permanência do povo

ainda bem, camarada,

que mesmo ausente,

ainda tens na tua saudade

um largo quê de presente;

por isso ainda sobras pelo mundo

com a certeza da saudade e da urgência

da vida que cumpristes ainda jovem

na proporção de tua coerência.

Aurélio Aquino
Enviado por Aurélio Aquino em 02/12/2007
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