COMANDANTE

Navegas na memória

Vã, velha e vencida

E bolinas pela vida…

Recusas a história,

Em cada despedida,

Proeza destemida!

Amante que és, invocas

O mar, na vivência dura.

O que desejas não provocas,

Na busca da ardência pura…

E sentes o caminho na onda,

Sem resistir, bebes a espuma!

Incerteza mostra-se hedionda

Figura esculpida na bruma…

O balanço da dormência

Empurra-te atento ao perigo,

Alivia-te da ausência

Do amor… que és mendigo!

Mas sabes que além do horizonte

Algo por ti espera… mereces!

E na tua alma de eterna fonte

Hás-de construir a bela ponte

Quando amas, sabes, enobreces…

Comandante do teu mar,

Luz e coragem de menino,

Não te apartes do teu fulgor!

Porque a ti, não te imagino,

Senão a bolinar …

Na crista do amor!