BALADA DO CORAÇÃO

Passaram-se os anos e foram tantos.

Passaram-se noites e contigo estive.

Passaram momentos em que te abracei

E sonhei aconchegado em ti.

Foram-se belas horas nas quais eu nem cria,

Pois fora um sonho, que em ti sonhava outrora.

Mas então passava horas contigo,

Feliz da vida, sorrindo a toa.

Embaralhado nesse almejar eterno;

Me fundindo em tua alma,

No teu corpo inteiro,

Tomando tua vida, o que eu mais queria.

Ah! Como foram bons...

E ainda são, dias bons tão desejáveis!

Pois ainda passo o dia a pensar em ti,

Fazendo o meu trabalho para que te orgulhes

E admires tanto cada peça e traço,

Linhas retas ou curvadas.

Foram tantos momentos, mas não te fiz comum,

Pois ainda sonho te rever saudoso

Ao fim do dia de espera infinda.

Anseio que inicia quando de ti me aparto

E me vou distante com o coração partido,

No início ainda da nossa manhã.

Então sufoco sem tua presença,

Mas suporto a dor sofrida de tua ausência,

Porque me acalenta o esperar gracioso

Que ao findar a tarde, que ao chegar em casa

Te terei ao colo, vou te amar com gozo.

Quando desfrutar irei desse teu cheiro,

De um ardor malvado que ainda me embriaga;

E o coração refeito seguirá de espasmos,

Bater que qualquer jeito, pulando então do peito,

Como se o dia fosse o que te vi primeiro

E sem previdência me apaixonei de pressa.

Wilson do Amaral