Memória No Ser

Tem teu corpo no meu

posso sentir o rastro de tuas entranhas

em minha pele,

músculos em fôrma de jarro

argila ardorosa

repleta de ti.

Indícios de que me esteve

chancelados quase em brasa

no sutil de nosso acto.

Permaneces-me mesmo ao longe

e guardo tua memória pulsante

nas células

de minhas vestes corpóreas

e nas mais sutis...

Vai-te, mas ainda sim

ficas, em desabrida ausência,

para quando retornares

reconhecer-te em mim

o legado de poros esfregados

e refazer nova obra alquímica

de sabor acre

em nós.

Encontros são inevitáveis

sob a regência do imponderável.

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 20/06/2008
Reeditado em 20/04/2009
Código do texto: T1042744
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