REDEMOINHO
Giro, rodopio
circundo
sinuosa, insinuante
sensual
ao som de atabaques
e surdos
neste insano dançar
casual!
Toco-lhe os olhos
co'as palmas
roço meu ventre
no teu
perfumo teu ar
com meu hálito
acendo teu fogo
no meu!
Na dança profana
insinuo
mostro e escondo
provoco
abro-te os dentes
e garras
pro embate final
te convoco:
Tira tua dama
pra dança
enlaça, encoxa
encaixa
num rodopio entorna
o vinho que resta
na taça!
Sorve num trago
sacia
desliza no ventre
teu mundo
invade as fendas
vadias
prepara a taça:
mergulha...
entranha...
profundo.
Perde-se
no redemoinho
afoga-te
neste vinho
afunda...
emerge...
sorve o ar que te resta
submerge...
volta ao fundo...
não cansa-te
mergulhar!
Até quedarem os corpos
o vinho se derramar
o som do surdo
calar-se
e o mundo
voltar a girar!