OLHAR DE PERDIÇÃO.

Quem deveras sentiu,

um êxtase por alguém,

um desejo, um gostar?

diga-me logo agora

ou insista em se calar.

Quem, de lá para cá,

nutriu por algum vivente,

olhares e bocas inventadas,

ainda que silenciadas

por vozes da própria mente?

Quem, no íntimo da razão,

recorda-se daquele toque

de pele que encosta a tua,

em meio ao clarão da lua

da noite que já se foi?

Se lembrar faz bem à alma

e tão notório ao coração,

porque é que a alma aquece

de amor quem não merece?