BALADA PÓS-ROMÂNTICA

Ela chegou de repente

Onde há tempos estava

Expulsando a sujeira

E o vazio da casa

Só vivia escondida

Nesses cantos da vida

E sofrendo calada

E chorando sozinha

A menina era bela

E estes olhos sabiam

Mas não olhavam pra ela

Como deveriam

E ela andava na noite

E cantava e sorria

Sua rara alegria

Qual se fosse madura

Como tudo era breve

Mais que a brisa mais leve

Seu amor tão escasso

Era breve também.

Não sei como eu sabia

Que da força do dia

Vinha um raio mais claro

Me fazendo ir além

Da distância tão grande,

Das florestas, dos montes

E de mil horizontes

Que zombavam de mim.

Ela era tão linda

E estes olhos sabiam

Que era assas perigoso

Encara-la nos olhos.

Como a chuva que chega

Numa tarde de sol,

Como um barco que avista

De repente um farol,

Assim foi que ela veio

Onde há tempos estava,

Libertando minha alma

De tristezas escrava.

Mas uma coisa ficou

Nos seus olhos sombrios:

Seu coração é um porto alegre

Onde só cabem dois navios.

Mas ela era tão linda

E meu coração sabia

Quem sem ela por perto

Eu não mais viveria.

Mesmo estando tão triste

Como um rio sem leito

A lembrança no peito

Concedeu-me o perdão.

Ela foi se aninhando

Onde nada restava,

Anulando a tristeza

E o vazio da alma.

Ela é um receio

Que me torna mais forte.

Ela é minha vida

E também minha morte.

Ela é minhas asas

Quando pairo no ar...

Ela é, ela foi,

Ela sempre será.

Mas uma coisa ficou

Em mim sem ela saber:

Seu abraço é a terra

Onde eu hei de morrer...

*Para alguém muito especial.

Alexandre Magno
Enviado por Alexandre Magno em 15/07/2008
Reeditado em 15/07/2008
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