Musa II
Nem pude ao menos dedicar-lhe um verso.
Por que motivo? Nada se condena!
Mas é que ao ver meu estro tão disperso,
De que maneira correria a pena?
As impressões se deixam no papel
Como se deixa vir o riso aos lábios,
Mas se a tristeza cobre o próprio céu
Não riem nem os parvos nem os sábios.
Assim estando pobre o pensamento,
Vazias as palavras, longe a graça,
Pensei: melhor deixar ir-se o momento,
Talvez um outro bem mais fértil nasça.
Minh'alma então liberta de motivos,
Dar-lhe-á os versos mil que traz cativos.