COISAS CONCRETAS
Se no teu olhar eu encontrasse
A paz de que necessita o meu corpo
A força que dominasse os meus desejos
Eu não necessitaria do teu todo
Da essência do teu físico
Perder-me-ía de te olhar!
No entanto sou bem mais a favor
Das coisas bem concretas...
Do acariciante contato da pele
Do amaciante peso de um corpo humano...
Pois sou bem mais necessitada de realismos
Aconchegos e fatalismos
Não conseguindo pendurar-me em um olhar
Em coisas distantes e inatingíveis.
O que eu quero enfim
É ter o que pegar
É satisfazer minha ânsia de vácuo
É ter o que comer
Para saciar a minha fome...
É ter o que beber
E umedecer a minha boca ressequida
Para matar a minha sede.
E, se, se possível
Exterminar no meu íntimo
A sensação atroz de inutilidade e solidão
E a incapacidade de realização!