CÂNTICO CEGO

Sobre as lanças,

os restos póstumos da esperança.

Foi secular a noite,

agora claustro abissal.

Dormem as vertigens nos espelhos.

As lânguidas palavras de amor,

a luz nos olhos,

ganharam o rosto dos desmembrados

da paz, dos sorrisos, de tudo o que fazia

da vida um paraíso.

É noite escura nos espaços.

É frio na garganta que se consome,

em fantasias insones,

que não acredita mais no cântico

das manhãs.

Semeaste rosas e abismos na ponta dos dedos.

E se morre o amor, tarde ou cedo,

- o mataste.

Não importa. Chora-se em segredo

essa esperança que, um dia, foi irmã.

(Direitos autorais reservados).

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 24/07/2008
Reeditado em 15/01/2009
Código do texto: T1096121
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