Ardor rosa mente em carnaubais

A pena de penar.

A pena de escrevinhar às mãos.

Penar do pesar nostálgico de, nem sempre, tê-la em mãos

Ao destilar alegria e mais, também ais...

Mas ainda assim contentamento em deslizá-la sobre papéis

A derramar segredos e mais o que a Lua desvela

Luar, derramar, mar antigo, carnaubais...

Talvez devesse começar indicando comuns senões...

Aquele lugar banal, a ponte de gostares e desgostares.

Gosto por amor tipo Narciso ... aquele que lança

Aos olhos do mundo conquistas envaidecentes.

Desvanecente do mais visceral à epiderme,

Rendição, por fim, ao que importa.

Portas abertas: penetração ao seio cansado, decadente.

Até o nicho visceral onde bem decantado jaz todo o mal.

Até onde detidos vãos ollhares perversos, intrusos ...

Quero a sorte de um amor tranquilo embalado pelo poeta em rotas

E singela rede de tucum ou rendas, um amor:

Singelo, enredado em braços e dispensadas as pernas, que seja!

Embalo de só abraços, confissões decentes.

Façanhas eróticas ou heréticas não derrotam a sorte de um amor

Maduro e sem sabor ou de manga verde ao sal.

Momento de suspensão da cal que o meu corpo, na morte,

Espera em sonhos e desvios e descrenças e flagelos.

Amor puramente declarado, incorrupto, inteiro, invicto.

Gosto do amor modesto, transparente em singela declaração.

No mato, exato, imune à frustração, surdo ao burburinho.

Silente, aos gritos do desejo e nunca perdido da discrição...

Amor despojado em doce acolhimento da brandura e mansidão.

A nada fere ou geme ... apenas suspira e destila bendição.

Humano ou divinal, sei não, definição aos ventos!

Amor de Lua, léu ou convento, a Deus os alentos ou tormentos.

E ainda proclamas, ânsias de amor maduro e verde.

Espraiado em lanças arreganhadas dos carnaubais.

Luar, derramar, mar antigo, amor amigo.