Amargo outono
Como gotas insípidas e inodoras,
meu amor se orvalha e se plasma
nestes pingos cristalinos e esparsos,
que a natureza, agora, cúmplice da
tragi-comedia, se penitencia...
O outono chega de mansinho em
meu coração, mas a primavera,
há muito, já aconteceu...
Os flamboyans e os ipês, já mostraram
toda a sua exuberância e religiosidade...
Enfeitaram o palco, mas todavia,
não conseguiram convencer os atores...
Nosso amor que ontem foi flores,
hoje se outonol de forma irreversível...
Resta-me, pois, agora, varrer o chão
e recolher os restos pútridos,
daquilo que antes foi vida e agora
jazem pelo chão, esmaecidos...
E o "era uma vez"... ficou sendo o
triste final, quando paradoxalmente,
por muitos e muitos anos, sempre
foi o início de belos romances...
Cruzeiro-SP - Brasil