Amargo outono

Como gotas insípidas e inodoras,

meu amor se orvalha e se plasma

nestes pingos cristalinos e esparsos,

que a natureza, agora, cúmplice da

tragi-comedia, se penitencia...

O outono chega de mansinho em

meu coração, mas a primavera,

há muito, já aconteceu...

Os flamboyans e os ipês, já mostraram

toda a sua exuberância e religiosidade...

Enfeitaram o palco, mas todavia,

não conseguiram convencer os atores...

Nosso amor que ontem foi flores,

hoje se outonol de forma irreversível...

Resta-me, pois, agora, varrer o chão

e recolher os restos pútridos,

daquilo que antes foi vida e agora

jazem pelo chão, esmaecidos...

E o "era uma vez"... ficou sendo o

triste final, quando paradoxalmente,

por muitos e muitos anos, sempre

foi o início de belos romances...

Cruzeiro-SP - Brasil

João de Assis
Enviado por João de Assis em 17/04/2005
Código do texto: T11689