Sem título

Soube bem o sobressalto,

A tremura que o teu sorriso causou em mim.

Assustou-me a ternura com que me olhaste,

E o som que despoletaste dentro do meu peito.

E há segundos intermináveis que esperava,

Mesmo sem saber, por um sentimento vindo do nada.

E, mais uma vez, o destino se entreteve comigo,

Assim como brinquei contigo, sem me aperceber.

Ter-te subitamente ressuscitou o medo,

As lembranças sepultadas, as noites acordada

Em busca da música perfeita para adormecer.

Ter-te lembrou-me de que não eras meu,

Não era tua, não éramos um, sequer.

Poder desfrutar-te por momentos, apenas,

Ser possuída por instantes, somente,

Criou, em mim, um vazio constante,

Doloroso, agonizante,

Que rapidamente foi preenchido

Por uma vontade incessante de te ver,

Talvez, ter-te por completo,

Não sei… Algo difícil de descrever.

E tentar conhecer-te é difícil,

Tanto como é esconder a voz que não cala

Dentro de mim ou em qualquer objecto que olho.

E, de cada vez que me tocaste,

Acalentaste o meu ser,

Fizeste-me desejar beber de ti,

Entregar-me sem pensar no amanha,

E, mesmo assim, o medo corrompeu a minha mente,

Quando tudo o que desejava era que corrompesses o meu corpo,

As minhas palavras, a minha alma, as minhas crenças…

Ai!... E o que tive de lutar contra mim mesma…

E naquela noite, em que o sentimento era, já,

Tanto como o desejo que sentia,

Deixei-me levar pelo sonho,

Pelo anseio que tinha de te usar e guardar no meu destino,

Pelo verdadeiro desejo de que aquele momento não acabasse.

E seguiu-se uma despedida, tão duvidosa e amarga…

15 de Setembro de 2008