O mister de amar (De quando a vida é pouco)
O mister de amar
(De quando a vida é pouco)
Na capela do teu colo, restarei em oblação
À fé mansa, imensa - impura devoção -, m´entregarei
Pois bem sei que renasci ao batizar-me no teu beijo
Teu desejo é o privilégio, que entesouro, e zelarei
Como um rei, com ar egrégio, sobre as torres d´um castelo
A dizer p´ro céu - tão perto - como é belo o seu lampejo
Sem que vejas, lacrimejo e, com meu toque, te modelo
E com tons desse amarelo, que m´empresta a luz lunar
Pinto a pele com poemas impossíveis d´explicar
Vivo assim do teu livrar: no teu olhar, o meu libelo
Da razão, do mal-estar da geração, com quem duelo
P´ra cingir o teu singelo coração a s´entregar
Neste lento ministério, intentarei te conquistar
E t´olhar, igual um rei mirando o vasto planisfério
Conservar o teu amor? A minha honra! O meu Império!
Desvelando o teu mistério, a vida é pouca p´ra t´amar
(Djalma Silveira)