Instantes

Instantes

Amontoado de tic-tac circulares

Saltando do meu braço num estralo

E fixando nas paredes o amarelado

Momentos estes que tornam tudo perecível

Envelhecem a boca roubando-lhe os dentes

E rasgam a roupa do amor

Com a qual me visto e vou às festas

Trajando meus retalhos novos recobrindo os antigos

- Alguns ainda doem sob a estampa fina –

Então o tempo escurece o amor

E o escuro traz o sono

Dorme o coração aberto

E quem se ama, demora pelas noites,

Acostumou-se ao vazio da cama

E ninguém mais nota que as paredes continuam amarelas

Mas o sorriso já não é o da fotografia que enfeita a sala

Pois o tempo banalizou as emoções

Que enchiam a casa de alegria

O Tempo deu sentido à fotografia

E tirou o que eu sentia

Perdão pelo relógio, querida

Que hoje, por você,

Bate mais forte que meu coração.

Maldito tempo...

Já estás longe

E eu nada sinto

Maldito tempo...

Recomeço a busca pelo amor

E costuro mais um retalho

Onde até ontem

Chamei de...Você!