Último ósculo

Último ósculo

Deixa meus olhos restarem nos teus antes que partas

Não me vires as costas! Por que temes meus olhos?

Sei não me amas! Pudera te dizer o mesmo ...

Meus calafrios, são do teu calor se desfazendo

Cega, recriarei teu corpo do barro marginal aos rios

Pois guardo-o em detalhes na memória dos dedos

Costurado na minha pele, partes me rasgando

Mal me sustento, pois teus ossos me sustentavam

O sólido amor... só me serve com seu peso

Em fragmentos, passo os dias cosendo

Memórias e saudade com um fio do arrependimento

Fio negro e espesso, nunca há d´arrebentar

Um último ósculo, amado Judas de músculo pétreo

Um derradeiro momento cárneo – apodreço!

Volta a morte a tomar-me deste amor etéreo!

Preferindo perder-te a dividir-te, t´imereço

(Djalma Silveira)