A Rosa
Hoje eu andava pelas ruas da desgraça,
encoberto por toda essa cacofonia urbanizada,
por uma imensa nuvem negra de fumaça...
Ao fitar o chão me deparo com uma rosa abandonada.
Tão frágil ali sozinha, imóvel, estática dormia.
Tão bela e fascinante, tão triste ao chão...
Uma linda rosa vermelha aos poucos morria,
esqueci o mundo e aproximei-me alcançando-a com gélida mão.
"Acaso tens pena de mim?"
(perguntou-me a Rosa)
Na cisma, desconfiada, que novamente lhe fizessem sofrer
"Não durmas assim"
(respondi à doce formosa)
(e continuei)" Não te deites cedo a morrer"
Era ela para mim um canto de esperança
uma frágil e pequena criança
uma saudosa e doida lembrança...
Dos tempos em que me faziam promessas
que meu coração batia as pressas
nos tempos de amores e festas...
era eu um jovem ainda, mas derrotado
querendo levantar aquela alma com um braço esfrangalhado,
com o peito amarrotado.
Aquela criança com nome de Rosa
Tão triste, tão pálida, tão formosa...
e eu ali tremendo
enquanto ela tossia e soluçava morrendo
e uma lágrima escorria pela sua face
no momento em que arquejou
e seu ultimo suspiro soltou:
"posso eu agora morrer pois conheci o amor"
e ela se foi deixando meu coração em dor...
hoje recordo esta canção sombria,
pois esta flor, senhores, esta de volta amorosa...
Me faz feliz com seu amor e alegria,
Me abraçando com suas pétalas, cheirosa.